Noite como outras

Noite como outras-outras!
Elevou o corpo quase igual,balanceio estudado,
leve suor incômodo.O rosto ainda o de antes,
decorado na vida passada.
Quanto podia durar?
Risos.Todos teriam que rir,ou sorrir.
Nenhuma bebida melhor,no sorver oferecido dos
lábios prontos para o desabafo sufocante,do grito
mudo,nas mãos crispadas da lenta agonia.
Nada a fazer!Enganar nos passos de falso jovem,
dissimular alegria instantânea nos rápidos olhares
de um amor que jamais viria.E amanhã também!
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Revigorado por mais dois ou três goles,sentou-se de modo mais
rústico.A mão direita começou a traçar figuras imaginárias,enquanto
do lado da boca,uma gosma incômoda pendurava oscilante.Riu quando
o braço caiu pesadamente na mesa.O tilintar dos copos e a brusca
mudança do silêncio pareceram acordá-lo da bebedeira que já começava
a aparecer.
Da rua e botecos,vez por outra sons alegres invadiam a casa.A noite era
um complemento harmonioso, com um ar fresco que vinha em espaços
rítmicos,com estrelas rodeando amistosamente uma meia-lua.
Debruçado no parapeito,deixou-se escorregar pesadamente,sentindo
a frieza dos ladrilhos e magoando a pintura da parede.De onde estava
podia ver bem poucas coisas.O jarro com flores murchas,um quadro
com moldura por trocar,alguns jornais velhos e o telefone sempre
mudo com o fio enrrolado.

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