DESCOBERTA

Levanto cedo,como sempre.Rego as plantas,escolho as frutas

do café da manhã.Jornal lido,computador ligado.Me visto,aviso

que estou no celular,como sempre.Na portaria,um pequeno mal

estar.Desço as escadas,percorro as ruas tão conhecidas,revendo

bancos,obras e lojas, além dos mesmos mendigos ocupando seus

espaços.Entro no clube,faço as séries da musculação,exatamente

como sempre.Ao sair,novamente uma estranha sensação.E sei

que o celular não tocou.O caminho de volta é mais lento.A luz

do dia incomoda.Ligeira dormência no corpo.Mas com prazer

reconheço as ruas,algumas pessoas,os pedintes.E sigo porque

falta pouco,mesmo com ligeira indisposição.Subo as escadas,

passo pelo porteiro,pego o elevador,entro em casa e me deixo

ficar bem quieto,num tempo indefinido.Mas,de repente,como

um trovão,o corpo se eleva e ouço um[meu]urro ou grito.

No momento em que me sinto novamente bem,entendo,

consciente e sem revolta que nunca saberei quem sou.